Terra de cruzamento de rotas entre o Mediterrâneo e o Atlântico, Sagres ostenta uma beleza mística e selvagem. As suas teatrais falésias que invadem o azul do mar, a sua importância histórica na epopeia dos Descobrimentos, bem como o seu legado enquanto local de culto desde o período neolítico conferem-lhe uma dimensão épica.
Situada no ponto mais sudoeste do Velho Continente, distante do resto do mundo, Sagres manteve intactas as suas tradições, costumes e dezenas de quilómetros de praias desertas. Um cenário paradisíaco para a prática de uma grande variedade de desportos, nomeadamente, trecking, pesca, mergulho, vela, windsurf, kite surf, bird watching e…SURF.
Com efeito, Sagres - capital de surf por excelência e anfitriã de vários campeonatos e festivais – é considerada um dos melhores destinos na Europa para a prática deste desporto, quer seja por profissionais ou amadores. É, de facto, a única região em Portugal com duas costas – a meridional e a ocidental. A primeira, composta por enseadas e baías, produz ondas relativamente suaves sendo ideal para os iniciantes. Já a segunda, para surfistas mais experientes, é recortada e composta por arribas, ostentando praias que enfrentam a força toda do Atlântico e, como tal, produzem uma ondulação que pode ascender os 5m. As diversas e reconhecidas escolas de surf espalhadas pela vila, o amontoado de jovens de cabelos longos e alourados, as peles bronzeadas a deambular pelos bares temáticos, a circulação invulgar de pães de forma carregadas de pranchas e o ambiente festivo e musical são uma constante para os visitantes desta paisagem bravia e deslumbrante.
É ainda nesta terra, cujas gentes permanecem ainda muito ligadas ao mar, que se encontra o melhor marisco, especificamente, os percebes. Estes crustáceos, de aspeto pouco apelativo mas incrivelmente saborosos, podem atingir os €50/kg. E percebemos porquê. A apanha deste marisco é uma atividade demorada e extremamente arriscada, exclusiva a pescadores experientes. De facto, os percebes crescem em pedras escorregadias incessantemente chicoteadas pela feroz rebentação. É por essas rochas irregulares, com o auxílio de uma singela corda, que os apanhadores – autênticos guerreiros do mar - descem para apanhar o crustáceo num ritmo cronometrado entre ondas. E graças a eles, podemos saborear esta iguaria que não é menos do que um autêntico beijo do mar.